A bala perdida
É a louca fugida
Do manicômio
No meio da noite
Desvairada, rompe
Relâmpaga
O Blue Velvet da escuridão
Súbita assombração
De dia
É um sol concentrado
Tórrido grão
Percorre, em fio
O pavio
Tênue da luz.
Bêbado pássaro
Sem rumo, sem bússola
Não tem passaporte
Nem sul ou norte.
A bala perdida
É uma bomba atômica portátil
Volátil serpente
Embora vesga e demente
Sempre acerta
Apaga o brilho do olhar
Sempre, sempre
Chega como chega a morte
Sem avisar
Sem bater na porta
Nem pedir licença.
A bala perdida
É o lado avesso da reza
A realização da praga rogada
Decreta ela, inclemente
Que se faça mudo qualquer riso
E se petrifique o sorriso
A qualquer hora crepuscular
Ou do pleno dia
No centro da noite
A qualquer instante
A bala perdida nos encontra
Sempre e sempre.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
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