A vida nos une e nos separa
Num belo e fatal
Frio
Movimento de ondas
De mar
Como, digam-me
Como sorrir
E chorar
Alternadamente?
No rítimo vaivém
De águas ora doces
Outras vezes salgadas
Será o náufrago
Isolado numa ilha
Abençoado pela sorte
De viver para sempre
Além da morte
Sem encontros
Nem desencontros?
Inseparável de sua sombra
Leal companheira
E vice-versa
Como a estrela
É sua própria luz
Dias de sol
Noites de luar
O embalo da música
Soprada pelo mar
Orquestra a dança
Do bailarino d'areia
O corpo
Abraçado
Em seu próprio manto
Sem nenhum encontro
Mas distante
Muito distante
No longe oceânico
De qualquer desencontro
domingo, 27 de setembro de 2009
domingo, 6 de setembro de 2009
VELEIRO ALADO
Em veleiro alado
a pairar suavemente
navegaremos pelo espaço
pelos mistérios do tempo
Apenas nós dois
assim
ao vento
Nas lunetas
nossos corpos suspensos
no ar
A paixão
o abraço
beijos
ao luar
Flutuaremos
entre cores
de aurora boreal
No veleiro alado
lá em cima
[de onde chovem
todos os sonhos]
nos amaremos
em movimento lânguido
lento
Voaremos alto
acima dos fins
E ao som difuso
de clarineta
nos ofereceremos
na palma das mãos
faiscantes lantejoulas
Apenas nós dois
assim
ao vento
a pairar suavemente
navegaremos pelo espaço
pelos mistérios do tempo
Apenas nós dois
assim
ao vento
Nas lunetas
nossos corpos suspensos
no ar
A paixão
o abraço
beijos
ao luar
Flutuaremos
entre cores
de aurora boreal
No veleiro alado
lá em cima
[de onde chovem
todos os sonhos]
nos amaremos
em movimento lânguido
lento
Voaremos alto
acima dos fins
E ao som difuso
de clarineta
nos ofereceremos
na palma das mãos
faiscantes lantejoulas
Apenas nós dois
assim
ao vento
sábado, 29 de agosto de 2009
PASSEIO
E vinha caminhando ao sol
[era verão
mas havia neve
em seus ombros]
sobre sua sombra
no centro de sua alma
solto balão rente ao chão
E notou o sorriso
dos cães
a pressa das pessoas
rumo a lugares distantes
muito distantes
onde não havia cães sorrindo
nem ninho de pássaros
ocultos
em folhagem de milagres
E no céu o sol e a lua
salpicados de estrelas
brilhavam juntos
pois era noite
mas também era dia
E sobre um muro
revestido de tempo e musgo
um gato lhe disse
em rima de silêncios
uma poesia
que somente ele entenderia
E suas roupas foram se desfiando
esvoaçando fiapos
sumiam
sumiam
sumiam
E o ressoar de seus passos
transformaram-se em melodia
seu corpo diluia-se
em duo
cello e violino
E seu coração dividiu-se
em duas gotas sobre a face
molhando o sorriso esculpido
em sinfônica alegria
E subiu a escadaria
de nuvens e pássaros
cães e gatos em procissão
sumiu
sumiu
sumiu
no areal luminoso
[era verão
mas havia neve
em seus ombros]
[era verão
mas havia neve
em seus ombros]
sobre sua sombra
no centro de sua alma
solto balão rente ao chão
E notou o sorriso
dos cães
a pressa das pessoas
rumo a lugares distantes
muito distantes
onde não havia cães sorrindo
nem ninho de pássaros
ocultos
em folhagem de milagres
E no céu o sol e a lua
salpicados de estrelas
brilhavam juntos
pois era noite
mas também era dia
E sobre um muro
revestido de tempo e musgo
um gato lhe disse
em rima de silêncios
uma poesia
que somente ele entenderia
E suas roupas foram se desfiando
esvoaçando fiapos
sumiam
sumiam
sumiam
E o ressoar de seus passos
transformaram-se em melodia
seu corpo diluia-se
em duo
cello e violino
E seu coração dividiu-se
em duas gotas sobre a face
molhando o sorriso esculpido
em sinfônica alegria
E subiu a escadaria
de nuvens e pássaros
cães e gatos em procissão
sumiu
sumiu
sumiu
no areal luminoso
[era verão
mas havia neve
em seus ombros]
sexta-feira, 31 de julho de 2009
A ESFERA (VISÕES)
No gume agudo
do som violino
me solto mudo
Anestesiado
Sou abelha atômica
asas vulcânicas
vertiginoso vôo
invertido
Rumo a um poço
profundo
sem fundo
[do lado oposto
ao fim do mundo]
Vejo na mata
uma clareira
circular
Exatamente
no centro
do círculo
uma esfera
Espera
Feita de mil
camadas
sobrepostas
em misteriosa
simetria
Perfeita maestria
Lá
no centro
do círculo
somente
em eterno momento
um certo
silêncio
Aquele silêncio
da lonjura
do deserto
da loucura
Ao redor
da esfera
apenas o peso
de sua própria espera
Mas não só
Em frenética
coreografia
dança um gnomo
prateado
"O inferno é gelado
gelado e eterno
é o inferno"
canta rodando
em dança concêntrica
Abro lentamente
com paciência demente
uma a uma
mil camadas
Quanto mais profundas
mais inexistentes
Nem quentes
nem frias
Na última
salta súbito
do dentro
do núcleo
um fluxo de sono
magnético
absoluto
Envolve rápido
zás
minha mente
engole minha alma
no casulo
E leio
escrito em pergaminho
saído da espuma
da gosma
do canto gnomo
a palavra bailarina:
Samsara
do som violino
me solto mudo
Anestesiado
Sou abelha atômica
asas vulcânicas
vertiginoso vôo
invertido
Rumo a um poço
profundo
sem fundo
[do lado oposto
ao fim do mundo]
Vejo na mata
uma clareira
circular
Exatamente
no centro
do círculo
uma esfera
Espera
Feita de mil
camadas
sobrepostas
em misteriosa
simetria
Perfeita maestria
Lá
no centro
do círculo
somente
em eterno momento
um certo
silêncio
Aquele silêncio
da lonjura
do deserto
da loucura
Ao redor
da esfera
apenas o peso
de sua própria espera
Mas não só
Em frenética
coreografia
dança um gnomo
prateado
"O inferno é gelado
gelado e eterno
é o inferno"
canta rodando
em dança concêntrica
Abro lentamente
com paciência demente
uma a uma
mil camadas
Quanto mais profundas
mais inexistentes
Nem quentes
nem frias
Na última
salta súbito
do dentro
do núcleo
um fluxo de sono
magnético
absoluto
Envolve rápido
zás
minha mente
engole minha alma
no casulo
E leio
escrito em pergaminho
saído da espuma
da gosma
do canto gnomo
a palavra bailarina:
Samsara
terça-feira, 30 de junho de 2009
MOONWALK DEMEROL
na escuridão do meu quarto
vi pela janela aberta
à imensidão do mar da noite
[em clarão entre estrelas diamantes]
Michael Jackson deslisando
num relâmpago
vi pela janela aberta
à imensidão do mar da noite
[em clarão entre estrelas diamantes]
Michael Jackson deslisando
num relâmpago
manto
bordado de pirilâmpagos
leve pluma
bailava cantando
Children's Corner
[Claude Debussy ao piano]
Demerol! gemia sua alma
Demerol! Demerol! suplicava
no infinito vazio espacial
suavemente elétrico
pop moon sentimentos
[catedral submersa]
contemplava a Terra
never
Neverland
never again
Demerol! Demerol!
vi subir no seu rumo
numa névoa fosforescente
de Adriana Calcanhotto
meiga prece
"Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem"
Demerol! Demerol!
Michael Jackson sapateava
passos Charles Chaplin
o corpo se contorcia
rodopiava
subia
descia
embriagados jazz and blues
no céu melodia
e serenatas de Mozart
Demerol! Demerol!
Harlem
Morro Dona Marta
Ladeira do Pelourinho
Los Angeles
"They don't care about us"
Demerol! Demerol!
Peter Pan ao lado
brincava enigmas
soprava flauta
havia canto de crianças
grande encanto
Michael Jackson
assobiava "Black or white"
rock
funk
soul
Demerol! Demerol!
quero colocar Michael Jackson
no meu colo
para ninar o menino
que os duros adultos não entenderam
vou espantar seus medos
pesadelos
para ele dormir sereno
e cantarei baixinho
junto aos seus ouvidos
Lullaby of Broadway
"This is it"
desceu a cortina final
that is all
Demerol! Demerol!
sexta-feira, 26 de junho de 2009
AMOR ABSOLUTO - UMA HISTÓRIA REAL
Na cidade de Petrópolis (Rio de Janeiro) um cartaz do tamanho de meia página de jornal está espalhado por alguns lugares públicos. Mostra a fotografia de Tatiana, 28 anos, casada e mãe de dois filhos; um deles, ainda bebê, está ao seu lado. Tatiana está com leucemia e procura doadores de medula óssea para continuar viva. Ela é ruiva, bonita, tem o rosto magro e abatido. Tatiana sorri.
Logo abaixo há uma outra foto; o seu marido e o outro filho - de aproximadamente sete anos - seguram uma faixa onde está escrito: ''Troco qualquer órgão do meu corpo por medula óssea compatível à de minha esposa. Só não posso trocar o meu coração, porque pertence a ela". Ambos estão sorrindo.
O casal pode ser contatado pelos telefones (24) 8811-1720 e (21) 2242-8100
sábado, 13 de junho de 2009
PAIXÃO VAMPIRO
Quando você estiver dormindo
no morno ninho do leito
penetrarei pela janela de seu quarto
num raio de luz insuspeito
Sobrevoarei seu corpo todo
lentamente
no vaivém vaga-lume
feito barco em busca do porto
Feito ser demente
ambulante
na névoa da noite
em becos e vielas tenebrosas
Cuidadosamente
como faz o vampiro
afastarei o cabelo
ao redor do seu ouvido
Para murmurar
na cadência
no morno ninho do leito
penetrarei pela janela de seu quarto
num raio de luz insuspeito
Sobrevoarei seu corpo todo
lentamente
no vaivém vaga-lume
feito barco em busca do porto
Feito ser demente
ambulante
na névoa da noite
em becos e vielas tenebrosas
Cuidadosamente
como faz o vampiro
afastarei o cabelo
ao redor do seu ouvido
Para murmurar
na cadência
do mais puro encantamento
a serenata da essência
do completo amor sem fim
quinta-feira, 11 de junho de 2009
BILHETE
Se não houver estrelas, se a noite for escura e os gatos não estiverem
percorrendo muros e telhados - silenciosas sombras - não me
telefone, por favor. Gosto de brilhos noturnos, dos felinos
em seus passeios macios e amores discretos - sempre
no alto das casas, com miados violinos entremeados de oboés.
Nas noites de lua reluzente, ouço Sarah Vaughan cantando
I get a kick out of you, e bebo champanhe abraçado
à minha amante; contemplamos o horizonte e nos beijamos
na varanda enluarada; Romeu e Julieta tropicais. Além de nós,
não há mais nada. Assim, não bata à minha porta, jamais.
Em meio a relâmpagos e explosões de trovão no céu noturno,
arrumo livros nas prateleiras; minhas doces lembranças, meus desencantos,
encontros e desencontros. Guardo na gaveta fotografias de pessoas queridas, outras nem tanto. Organizo cartas escritas para não sei quem, poemas que ninguém leu. Empilho num canto roupas usadas - em festas e solenes casamentos. Depois, apago todas as luzes do apartamento, me deito e mergulho em olímpico salto no meu mais profundo dentro. Nessas noites, não me procure; busque um bar repleto de música porque o amanhecer será suave na meiga brisa do mar. Então, nos encontraremos na esquina daquela rua onde o sol afasta a lua.
percorrendo muros e telhados - silenciosas sombras - não me
telefone, por favor. Gosto de brilhos noturnos, dos felinos
em seus passeios macios e amores discretos - sempre
no alto das casas, com miados violinos entremeados de oboés.
Nas noites de lua reluzente, ouço Sarah Vaughan cantando
I get a kick out of you, e bebo champanhe abraçado
à minha amante; contemplamos o horizonte e nos beijamos
na varanda enluarada; Romeu e Julieta tropicais. Além de nós,
não há mais nada. Assim, não bata à minha porta, jamais.
Em meio a relâmpagos e explosões de trovão no céu noturno,
arrumo livros nas prateleiras; minhas doces lembranças, meus desencantos,
encontros e desencontros. Guardo na gaveta fotografias de pessoas queridas, outras nem tanto. Organizo cartas escritas para não sei quem, poemas que ninguém leu. Empilho num canto roupas usadas - em festas e solenes casamentos. Depois, apago todas as luzes do apartamento, me deito e mergulho em olímpico salto no meu mais profundo dentro. Nessas noites, não me procure; busque um bar repleto de música porque o amanhecer será suave na meiga brisa do mar. Então, nos encontraremos na esquina daquela rua onde o sol afasta a lua.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
OLHAR INFINITO
Sobre nós dois, desce lentamente - suave cortina - uma neblina violácea
interposta verticalmente entre a mesa do bar
e o céu noturno, vazio de sons. Olhamo-nos em igual silêncio
aquele estranho silêncio
do ronco rítmico do mar.
E nossas mãos
se tocam levemente em torno de taças, garrafa de vinho
e uma rolha caída sobre a branca toalha de linho.
Olhamo-nos.
Há uma certa alvura
própria da loucura
em nossa maneira de olhar.
Estamos num bar, mas poderíamos estar num mosteiro no Sri Lanka
meditando sob mantos alaranjados, pernas cruzadas
olhos fechados.
Mas nos olhamos em jogos de espelho
a multiplicar infinitamente o próprio reflexo, pouco importando o sentido
o nexo
da rolha tombada sobre a alvura
porque há uma certa loucura
em nossa maneira de olhar
Nossas mãos
se tocam levemente.
interposta verticalmente entre a mesa do bar
e o céu noturno, vazio de sons. Olhamo-nos em igual silêncio
aquele estranho silêncio
do ronco rítmico do mar.
E nossas mãos
se tocam levemente em torno de taças, garrafa de vinho
e uma rolha caída sobre a branca toalha de linho.
Olhamo-nos.
Há uma certa alvura
própria da loucura
em nossa maneira de olhar.
Estamos num bar, mas poderíamos estar num mosteiro no Sri Lanka
meditando sob mantos alaranjados, pernas cruzadas
olhos fechados.
Mas nos olhamos em jogos de espelho
a multiplicar infinitamente o próprio reflexo, pouco importando o sentido
o nexo
da rolha tombada sobre a alvura
porque há uma certa loucura
em nossa maneira de olhar
Nossas mãos
se tocam levemente.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
PISANDO LEVE
Levo num cesto
Equilibrado sobre a cabeça
Meus alegres sentimentos
Retratos de muitos ontens
E piso leve
Como quem dança
Sobre as pedras
Das praias
O limo
Nas serras
As folhas em verde manto
No silencioso chão da floresta
Estou sempre
Profundamente leve
Flutuando
Em doce encanto
Também carrego
Sobre o peito
Um colar de conchas
Coloridas
Achadas numa esquina
São tão lindas...
Conheço os esconderijos
Onde dormem e acordam
O sol
A lua
Os altos recantos
Das estrelas
Casas dos deuses
Moradas dos blues
O canto
Do pássaro
E seu milagroso
Ninho
Sob meu manto
Tecido em poeira
Piso leve
Como quem dança
Over the rainbow
oberto pelo meu manto
Tecido em poeira
Equilibrado sobre a cabeça
Meus alegres sentimentos
Retratos de muitos ontens
E piso leve
Como quem dança
Sobre as pedras
Das praias
O limo
Nas serras
As folhas em verde manto
No silencioso chão da floresta
Estou sempre
Profundamente leve
Flutuando
Em doce encanto
Também carrego
Sobre o peito
Um colar de conchas
Coloridas
Achadas numa esquina
São tão lindas...
Conheço os esconderijos
Onde dormem e acordam
O sol
A lua
Os altos recantos
Das estrelas
Casas dos deuses
Moradas dos blues
O canto
Do pássaro
E seu milagroso
Ninho
Sob meu manto
Tecido em poeira
Piso leve
Como quem dança
Over the rainbow
oberto pelo meu manto
Tecido em poeira
quarta-feira, 13 de maio de 2009
APARENTEMENTE, AU REVOIR
Caminhamos nós dois
A première vue il semble
Na cadência do mesmo andar
Somos ambos uma só festa
E mergulhamos felizes
Nas ondas
So blues
Do mar de sempre
A première vue il semble
Nossos lábios formam
O mesmo beijo
Docemente
Sonhamos
E acordamos em igual momento
Entre ternos olhares
Meigos sentimentos
A première vue il semble
Somos uma só sede
Na taça que nos sacia
A première vue il semble
Sorrimos deslumbrados
Ante o clarão
Da solitária estrela
Cadente
Até que um dia
Num susto
Em desalento
Um de nós dirá
Ce n'est pas possible
...au revoir
E tudo passará
Rápido e reluzente
No rastro
Da estrela cadente
A première vue il semble
Na cadência do mesmo andar
Somos ambos uma só festa
E mergulhamos felizes
Nas ondas
So blues
Do mar de sempre
A première vue il semble
Nossos lábios formam
O mesmo beijo
Docemente
Sonhamos
E acordamos em igual momento
Entre ternos olhares
Meigos sentimentos
A première vue il semble
Somos uma só sede
Na taça que nos sacia
A première vue il semble
Sorrimos deslumbrados
Ante o clarão
Da solitária estrela
Cadente
Até que um dia
Num susto
Em desalento
Um de nós dirá
Ce n'est pas possible
...au revoir
E tudo passará
Rápido e reluzente
No rastro
Da estrela cadente
domingo, 10 de maio de 2009
SAX CIGANO
E vinha desde longe
Descendo a ladeira noturna
Em doce gemido entre folhas
O som de um sax dourado
Apenas isso - quase um lamento
Prevendo o adeus naquela noite
Um adeus que se viesse em água
Seria um grande dilúvio
Numa única lágrima
As mãos iriam se separar
Como as dos que se afogam
Em gesto de nunca mais
É assim
Em contrafeito sorriso
Que as pessoas se vão
E guardam o choro incontido
E a dor das mãos apartadas
Para quando estão inteiramente sós
Na amplidão da cama incompleta
E feito lâmina fria e reta
Desceu a ladeira o som de sax
Em dourada serenata cigana
Para depois silenciar
Na insondável escuridão
Como tudo que chega ao fim
Descendo a ladeira noturna
Em doce gemido entre folhas
O som de um sax dourado
Apenas isso - quase um lamento
Prevendo o adeus naquela noite
Um adeus que se viesse em água
Seria um grande dilúvio
Numa única lágrima
As mãos iriam se separar
Como as dos que se afogam
Em gesto de nunca mais
É assim
Em contrafeito sorriso
Que as pessoas se vão
E guardam o choro incontido
E a dor das mãos apartadas
Para quando estão inteiramente sós
Na amplidão da cama incompleta
E feito lâmina fria e reta
Desceu a ladeira o som de sax
Em dourada serenata cigana
Para depois silenciar
Na insondável escuridão
Como tudo que chega ao fim
sábado, 9 de maio de 2009
HAIKAI BLUES - Opus 4
NA TORRE DA CATEDRAL
REPOUSAM MIL SONS
DE SINOS EM BLUES
ENTÃO PEDI PERDÃO
MAS BEM BAIXINHO
DISSE UM PALAVRÃO
DE MEU UMBIGO
BROTOU
UM PÉ DE TRIGO
NO MEU TELHADO
MORAM DUAS POMBAS BRANCAS
E AS ASSOMBRAÇÕES DE MEUS SONHOS
O NÁUFRAGO RICO NÃO SE LAMENTA
DESEJA APENAS A MÃO AMIGA
DE UM BÓIA-FRIA
PELO RETÂNGULO DA JANELA
CONTEMPLO O OVAL
DA ALVA LUA
NA PONTA DA BAIONETA
UMA ANDORINHA
CONSTRUIU SEU NINHO
O VENTO LÁ FORA
ASSOBIA
CANÇÕES EM BLUES
BASIN STREET BLUES
COM ELLA FITZGERALD
COMOVE PEDRAS E SERPENTES
REPOUSAM MIL SONS
DE SINOS EM BLUES
ENTÃO PEDI PERDÃO
MAS BEM BAIXINHO
DISSE UM PALAVRÃO
DE MEU UMBIGO
BROTOU
UM PÉ DE TRIGO
NO MEU TELHADO
MORAM DUAS POMBAS BRANCAS
E AS ASSOMBRAÇÕES DE MEUS SONHOS
O NÁUFRAGO RICO NÃO SE LAMENTA
DESEJA APENAS A MÃO AMIGA
DE UM BÓIA-FRIA
PELO RETÂNGULO DA JANELA
CONTEMPLO O OVAL
DA ALVA LUA
NA PONTA DA BAIONETA
UMA ANDORINHA
CONSTRUIU SEU NINHO
O VENTO LÁ FORA
ASSOBIA
CANÇÕES EM BLUES
BASIN STREET BLUES
COM ELLA FITZGERALD
COMOVE PEDRAS E SERPENTES
sexta-feira, 8 de maio de 2009
HAIKAI BLUES - Opus 3
NO LÁBIO DA ONDA
O SURFISTA PISCA
PARA A NAMORADA
OLHAVA-ME SEMPRE
PELOS OLHOS DEMENTES
DO INFINITO AMOR
QUERO OUVIR SOLO DE SAX
NO MOMENTO SEX
DEFRONTE AO MAR DUPLEX
IF YOU GO AWAY
DEIXE UM FIO DE CABELO
ADORMECIDO NO TRAVESSEIRO
EDITH PIAF
VOUS ALLEZ BIEN
NOS RELÂMPAGOS DO AMOR
SÃO TUAS ESSAS MARCAS
EM MIM
ASSIM, ASSIM
TOQUEI SEM QUERER
TUA PELE
E POR LÁ FIQUEI
EM PLENA NOITE
BRILHAM EM SOL OS BLUES
DE TUA VOZ
TOCAREI NUMA FLAUTA DE PRATA
TODAS AS MÚSICAS JUNTAS - EM BLUES
PARA DIZER I LOVE YOU
COMO DORMIR
SE LÁ FORA
FAZ FRIO E UMA CRIANÇA CHORA
VOU DESPIR-ME DA PELE
VOAR AO LUAR SO BLUE
YES INDEED
SOU APENAS O ESPINHO
ENTRE A FLOR E A FOLHA
NO ORVALHO DO JARDIM
O SURFISTA PISCA
PARA A NAMORADA
OLHAVA-ME SEMPRE
PELOS OLHOS DEMENTES
DO INFINITO AMOR
QUERO OUVIR SOLO DE SAX
NO MOMENTO SEX
DEFRONTE AO MAR DUPLEX
IF YOU GO AWAY
DEIXE UM FIO DE CABELO
ADORMECIDO NO TRAVESSEIRO
EDITH PIAF
VOUS ALLEZ BIEN
NOS RELÂMPAGOS DO AMOR
SÃO TUAS ESSAS MARCAS
EM MIM
ASSIM, ASSIM
TOQUEI SEM QUERER
TUA PELE
E POR LÁ FIQUEI
EM PLENA NOITE
BRILHAM EM SOL OS BLUES
DE TUA VOZ
TOCAREI NUMA FLAUTA DE PRATA
TODAS AS MÚSICAS JUNTAS - EM BLUES
PARA DIZER I LOVE YOU
COMO DORMIR
SE LÁ FORA
FAZ FRIO E UMA CRIANÇA CHORA
VOU DESPIR-ME DA PELE
VOAR AO LUAR SO BLUE
YES INDEED
SOU APENAS O ESPINHO
ENTRE A FLOR E A FOLHA
NO ORVALHO DO JARDIM
segunda-feira, 4 de maio de 2009
HAIKAI BLUES - Opus 2
JURO QUE VI
FRIDA KAHLO PASSAR VOANDO PELO CÉU
ENVOLTA NUMA NUVEM BRANCA
NA PRIMEIRA AURORA
O CICLISTA FOGE DA PRISÃO
E PEDALA AO SOL
ATRAVESSEI A RUA
MAS MINHA SOMBRA
FICOU DO OUTRO LADO
SEUS LONGOS CABELOS NEGROS
DESCEM ENCACHOEIRADOS
E ENCOBREM OS SEIOS DUAS ROSAS
SERÁ JUNG
O PROPRIETÁRIO
DE MINHA ALMA?
REZA O MONGE NA PENUMBRA
SILENCIOSA DE SUA CELA
NO PRIMEIRO DIA DE OUTONO
NA MESA DE BAR CHORAMOS A VIDA
E RIMOS JUNTOS
DAS CILADAS DA MORTE
É OUVINDO BLUES
QUE FICAREI BEM VELHO
PARA VER O SORRISO DO QUE PASSOU
ONDE ESTÃO MEUS FILHOS?
ONDE ESTÃO MEUS PAIS?
ONDE DEIXEI MEUS ÓCULOS?
E AGORA? EXCLAMA O MORCEGO
APRISIONADO NUMA ESFERA
DE CRISTAL FLUTUANTE
DERRAMAREI UM TONEL DE VINHO
TINTO
SOBRE MINHAS FERIDAS ABERTAS
MEUS PÉS CAMINHAM PARA O MAR
ENQUANTO MEU CORAÇÃO
PERCORRE ESTRELAS
ÀS VEZES AS ÁRVORES SÃO AZUIS
O CÉU INTEIRAMENTE VERDE
E AS ÁGUAS VIOLETAS
QUANDO AMANHECE
PERGUNTO-ME
SE REALMENTE ACORDEI
FRIDA KAHLO PASSAR VOANDO PELO CÉU
ENVOLTA NUMA NUVEM BRANCA
NA PRIMEIRA AURORA
O CICLISTA FOGE DA PRISÃO
E PEDALA AO SOL
ATRAVESSEI A RUA
MAS MINHA SOMBRA
FICOU DO OUTRO LADO
SEUS LONGOS CABELOS NEGROS
DESCEM ENCACHOEIRADOS
E ENCOBREM OS SEIOS DUAS ROSAS
SERÁ JUNG
O PROPRIETÁRIO
DE MINHA ALMA?
REZA O MONGE NA PENUMBRA
SILENCIOSA DE SUA CELA
NO PRIMEIRO DIA DE OUTONO
NA MESA DE BAR CHORAMOS A VIDA
E RIMOS JUNTOS
DAS CILADAS DA MORTE
É OUVINDO BLUES
QUE FICAREI BEM VELHO
PARA VER O SORRISO DO QUE PASSOU
ONDE ESTÃO MEUS FILHOS?
ONDE ESTÃO MEUS PAIS?
ONDE DEIXEI MEUS ÓCULOS?
E AGORA? EXCLAMA O MORCEGO
APRISIONADO NUMA ESFERA
DE CRISTAL FLUTUANTE
DERRAMAREI UM TONEL DE VINHO
TINTO
SOBRE MINHAS FERIDAS ABERTAS
MEUS PÉS CAMINHAM PARA O MAR
ENQUANTO MEU CORAÇÃO
PERCORRE ESTRELAS
ÀS VEZES AS ÁRVORES SÃO AZUIS
O CÉU INTEIRAMENTE VERDE
E AS ÁGUAS VIOLETAS
QUANDO AMANHECE
PERGUNTO-ME
SE REALMENTE ACORDEI
HAIKAI BLUES - Opus 2
AO SE VER NO ESPELHO
UMA ARANHA RECUA
PARA DENTRO DE SI
MEUS PÉS CAMINHAM
NA DIREÇÃO DO MAR
E MEU CORAÇÃO RUMO ÀS ESTRELAS
REZA O MONGE NO SILÊNCIO
NA PENUMBRA DE SUA CELA
NO INÍCIO DO OUTONO
ONDE ESTÃO MEUS FILHOS?
ONDE ESTÃO MEUS PAIS?
ONDE ESTÁ MEU CAMINHO?
JURO QUE VI FRIDA KAHALO
PASSAR VOANDO PELO CÉU
ENVOLTA NUMA NUVEM BRANCA
É OUVINDO BLUES
QUE ESPERO FICAR BEM VELHO
PARA CONTEMPLAR O SORRISO DA VIDA
VOU DERRAMAR UM TONEL DE VINHO
TINTO
SOBRE MINHAS FERIDAS
E AGORA? EXCLAMA O MORCEGO
APRISIONADO
NUMA ESFERA DE CRISTAL
ATRAVESSEI A RUA
MAS MINHA SOMBRA
FICOU DO OUTRO LADO
QUANDO AMANHECE
ME PERGUNTO
SE REALMENTE ACORDEI
ÀS VEZES
AS ÁRVORES SÃO AZUIS
E O CÉU TOTALMENTE VERDE
NUMA MESA DE BAR
CONVERSAMOS SOBRE A VIDA
E ACHAMOS GRAÇA DA MORTE
SEUS CABELOS SÃO LONGOS
SÃO NEGROS
E OCULTAM OS SEIOS DUAS ROSAS
SERÁ JUNG
O PROPRIETÁRIO
DE MINHA ALMA?
O CONDENADO SOBE AO PATÍBULO
E PEDE DESCULPAS
AO CARRASCO
AO SURGIR A PRIMEIRA AURORA
O CICLISTA ESCAPA DA CADEIA
E PEDALA AO SOL
UMA ARANHA RECUA
PARA DENTRO DE SI
MEUS PÉS CAMINHAM
NA DIREÇÃO DO MAR
E MEU CORAÇÃO RUMO ÀS ESTRELAS
REZA O MONGE NO SILÊNCIO
NA PENUMBRA DE SUA CELA
NO INÍCIO DO OUTONO
ONDE ESTÃO MEUS FILHOS?
ONDE ESTÃO MEUS PAIS?
ONDE ESTÁ MEU CAMINHO?
JURO QUE VI FRIDA KAHALO
PASSAR VOANDO PELO CÉU
ENVOLTA NUMA NUVEM BRANCA
É OUVINDO BLUES
QUE ESPERO FICAR BEM VELHO
PARA CONTEMPLAR O SORRISO DA VIDA
VOU DERRAMAR UM TONEL DE VINHO
TINTO
SOBRE MINHAS FERIDAS
E AGORA? EXCLAMA O MORCEGO
APRISIONADO
NUMA ESFERA DE CRISTAL
ATRAVESSEI A RUA
MAS MINHA SOMBRA
FICOU DO OUTRO LADO
QUANDO AMANHECE
ME PERGUNTO
SE REALMENTE ACORDEI
ÀS VEZES
AS ÁRVORES SÃO AZUIS
E O CÉU TOTALMENTE VERDE
NUMA MESA DE BAR
CONVERSAMOS SOBRE A VIDA
E ACHAMOS GRAÇA DA MORTE
SEUS CABELOS SÃO LONGOS
SÃO NEGROS
E OCULTAM OS SEIOS DUAS ROSAS
SERÁ JUNG
O PROPRIETÁRIO
DE MINHA ALMA?
O CONDENADO SOBE AO PATÍBULO
E PEDE DESCULPAS
AO CARRASCO
AO SURGIR A PRIMEIRA AURORA
O CICLISTA ESCAPA DA CADEIA
E PEDALA AO SOL
quinta-feira, 2 de abril de 2009
HAIKAI BLUES - Opus 1
SOBRE MINHA CABEÇA
VOAM PÁSSAROS
E MEUS SONHOS
NEM SAUDADE
NEM LÁGRIMA
APENAS A ALIANÇA ESQUECIDA
DO TOPO DE SEU CHAPÉU
UM RAMO DE LUAR
ESCORRIA-LHE PELA FACE
SEIOS PEQUENOS
OLHAR DE PÁSSARO
E LUVAS PRETAS
JAMAIS VOLTAREI AO PASSADO
JAMAIS RETORNAREI DO FUTURO
NUNCA MAIS
AO LADO DA CASA AMARELA
HÁ UMA ROSA BRANCA QUE DANÇA
EM NOITES DE LUA CHEIA
MEUS PECADOS HABITAM UM CASTELO
MEDIEVAL EM BARCELONA
ENVOLTO EM NÉVOA E SILÊNCIO
QUERO UMA TAÇA DE CRISTAL
REPLETA DE VINHO TINTO
E MOZART AO PIANO - QUANDO ANOITECER
A MÃO ESTENDIDA TREMIA
PEDINDO UMA ESMOLA
NINGUÉM A VIA
O BEIJO SE FOI
MAS DEIXOU LÁBIOS
DESENHADOS COM BATOM
VOAM PÁSSAROS
E MEUS SONHOS
NEM SAUDADE
NEM LÁGRIMA
APENAS A ALIANÇA ESQUECIDA
DO TOPO DE SEU CHAPÉU
UM RAMO DE LUAR
ESCORRIA-LHE PELA FACE
SEIOS PEQUENOS
OLHAR DE PÁSSARO
E LUVAS PRETAS
JAMAIS VOLTAREI AO PASSADO
JAMAIS RETORNAREI DO FUTURO
NUNCA MAIS
AO LADO DA CASA AMARELA
HÁ UMA ROSA BRANCA QUE DANÇA
EM NOITES DE LUA CHEIA
MEUS PECADOS HABITAM UM CASTELO
MEDIEVAL EM BARCELONA
ENVOLTO EM NÉVOA E SILÊNCIO
QUERO UMA TAÇA DE CRISTAL
REPLETA DE VINHO TINTO
E MOZART AO PIANO - QUANDO ANOITECER
A MÃO ESTENDIDA TREMIA
PEDINDO UMA ESMOLA
NINGUÉM A VIA
O BEIJO SE FOI
MAS DEIXOU LÁBIOS
DESENHADOS COM BATOM
sábado, 28 de março de 2009
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