domingo, 27 de setembro de 2009

BAILARINO D'AREIA

A vida nos une e nos separa
Num belo e fatal
Frio
Movimento de ondas
De mar

Como, digam-me
Como sorrir
E chorar
Alternadamente?

No rítimo vaivém
De águas ora doces
Outras vezes salgadas

Será o náufrago
Isolado numa ilha
Abençoado pela sorte
De viver para sempre
Além da morte
Sem encontros
Nem desencontros?

Inseparável de sua sombra
Leal companheira
E vice-versa
Como a estrela
É sua própria luz

Dias de sol
Noites de luar
O embalo da música
Soprada pelo mar

Orquestra a dança
Do bailarino d'areia

O corpo
Abraçado
Em seu próprio manto

Sem nenhum encontro
Mas distante
Muito distante
No longe oceânico
De qualquer desencontro












domingo, 6 de setembro de 2009

VELEIRO ALADO

Em veleiro alado
a pairar suavemente
navegaremos pelo espaço
pelos mistérios do tempo

Apenas nós dois
assim
ao vento

Nas lunetas
nossos corpos suspensos
no ar

A paixão
o abraço
beijos
ao luar

Flutuaremos
entre cores
de aurora boreal

No veleiro alado
lá em cima
[de onde chovem
todos os sonhos]
nos amaremos
em movimento lânguido
lento

Voaremos alto
acima dos fins

E ao som difuso
de clarineta
nos ofereceremos
na palma das mãos
faiscantes lantejoulas

Apenas nós dois
assim
ao vento


















sábado, 29 de agosto de 2009

PASSEIO

E vinha caminhando ao sol
[era verão
mas havia neve
em seus ombros]
sobre sua sombra
no centro de sua alma
solto balão rente ao chão

E notou o sorriso
dos cães
a pressa das pessoas
rumo a lugares distantes
muito distantes
onde não havia cães sorrindo
nem ninho de pássaros
ocultos
em folhagem de milagres

E no céu o sol e a lua
salpicados de estrelas
brilhavam juntos
pois era noite
mas também era dia

E sobre um muro
revestido de tempo e musgo
um gato lhe disse
em rima de silêncios
uma poesia
que somente ele entenderia

E suas roupas foram se desfiando
esvoaçando fiapos
sumiam
sumiam
sumiam

E o ressoar de seus passos
transformaram-se em melodia
seu corpo diluia-se
em duo
cello e violino

E seu coração dividiu-se
em duas gotas sobre a face
molhando o sorriso esculpido
em sinfônica alegria

E subiu a escadaria
de nuvens e pássaros
cães e gatos em procissão
sumiu
sumiu
sumiu
no areal luminoso
[era verão
mas havia neve
em seus ombros]












sexta-feira, 31 de julho de 2009

A ESFERA (VISÕES)

No gume agudo
do som violino
me solto mudo

Anestesiado

Sou abelha atômica
asas vulcânicas
vertiginoso vôo
invertido

Rumo a um poço
profundo
sem fundo
[do lado oposto
ao fim do mundo]

Vejo na mata
uma clareira
circular

Exatamente
no centro
do círculo
uma esfera

Espera

Feita de mil
camadas
sobrepostas
em misteriosa
simetria

Perfeita maestria


no centro
do círculo
somente
em eterno momento
um certo
silêncio

Aquele silêncio
da lonjura
do deserto
da loucura

Ao redor
da esfera
apenas o peso
de sua própria espera

Mas não só

Em frenética
coreografia
dança um gnomo
prateado

"O inferno é gelado
gelado e eterno
é o inferno"
canta rodando
em dança concêntrica

Abro lentamente
com paciência demente
uma a uma
mil camadas

Quanto mais profundas
mais inexistentes

Nem quentes
nem frias

Na última
salta súbito
do dentro
do núcleo
um fluxo de sono
magnético
absoluto

Envolve rápido
zás
minha mente
engole minha alma
no casulo

E leio
escrito em pergaminho
saído da espuma
da gosma
do canto gnomo
a palavra bailarina:
Samsara












terça-feira, 30 de junho de 2009

MOONWALK DEMEROL

na escuridão do meu quarto
vi pela janela aberta
à imensidão do mar da noite
[em clarão entre estrelas diamantes]
Michael Jackson deslisando
num relâmpago
manto
bordado de pirilâmpagos
leve pluma
bailava cantando
Children's Corner
[Claude Debussy ao piano]
Demerol! gemia sua alma
Demerol! Demerol! suplicava
no infinito vazio espacial
suavemente elétrico
pop moon sentimentos
[catedral submersa]
contemplava a Terra
never
Neverland
never again
Demerol! Demerol!
vi subir no seu rumo
numa névoa fosforescente
de Adriana Calcanhotto
meiga prece
"Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem"
Demerol! Demerol!
Michael Jackson sapateava
passos Charles Chaplin
o corpo se contorcia
rodopiava
subia
descia
embriagados jazz and blues
no céu melodia
e serenatas de Mozart
Demerol! Demerol!
Harlem
Morro Dona Marta
Ladeira do Pelourinho
Los Angeles
"They don't care about us"
Demerol! Demerol!
Peter Pan ao lado
brincava enigmas
soprava flauta
havia canto de crianças
grande encanto
Michael Jackson
assobiava "Black or white"
rock
funk
soul
Demerol! Demerol!
quero colocar Michael Jackson
no meu colo
para ninar o menino
que os duros adultos não entenderam
vou espantar seus medos
pesadelos
para ele dormir sereno
e cantarei baixinho
junto aos seus ouvidos
Lullaby of Broadway
"This is it"
desceu a cortina final
that is all
Demerol! Demerol!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

AMOR ABSOLUTO - UMA HISTÓRIA REAL

Na cidade de Petrópolis (Rio de Janeiro) um cartaz do tamanho de meia página de jornal está espalhado por alguns lugares públicos. Mostra a fotografia de Tatiana, 28 anos, casada e mãe de dois filhos; um deles, ainda bebê, está ao seu lado. Tatiana está com leucemia e procura doadores de medula óssea para continuar viva. Ela é ruiva, bonita, tem o rosto magro e abatido. Tatiana sorri.
Logo abaixo há uma outra foto; o seu marido e o outro filho - de aproximadamente sete anos - seguram uma faixa onde está escrito: ''Troco qualquer órgão do meu corpo por medula óssea compatível à de minha esposa. Só não posso trocar o meu coração, porque pertence a ela". Ambos estão sorrindo.
O casal pode ser contatado pelos telefones (24) 8811-1720 e (21) 2242-8100

sábado, 13 de junho de 2009

PAIXÃO VAMPIRO

Quando você estiver dormindo
no morno ninho do leito
penetrarei pela janela de seu quarto
num raio de luz insuspeito

Sobrevoarei seu corpo todo
lentamente
no vaivém vaga-lume
feito barco em busca do porto

Feito ser demente
ambulante
na névoa da noite
em becos e vielas tenebrosas

Cuidadosamente
como faz o vampiro
afastarei o cabelo
ao redor do seu ouvido

Para murmurar
na cadência
do mais puro encantamento
a serenata da essência
do completo amor sem fim


















quinta-feira, 11 de junho de 2009

BILHETE

Se não houver estrelas, se a noite for escura e os gatos não estiverem
percorrendo muros e telhados - silenciosas sombras - não me
telefone, por favor. Gosto de brilhos noturnos, dos felinos
em seus passeios macios e amores discretos - sempre
no alto das casas, com miados violinos entremeados de oboés.

Nas noites de lua reluzente, ouço Sarah Vaughan cantando
I get a kick out of you, e bebo champanhe abraçado
à minha amante; contemplamos o horizonte e nos beijamos
na varanda enluarada; Romeu e Julieta tropicais. Além de nós,
não há mais nada. Assim, não bata à minha porta, jamais.

Em meio a relâmpagos e explosões de trovão no céu noturno,
arrumo livros nas prateleiras; minhas doces lembranças, meus desencantos,
encontros e desencontros. Guardo na gaveta fotografias de pessoas queridas, outras nem tanto. Organizo cartas escritas para não sei quem, poemas que ninguém leu. Empilho num canto roupas usadas - em festas e solenes casamentos. Depois, apago todas as luzes do apartamento, me deito e mergulho em olímpico salto no meu mais profundo dentro. Nessas noites, não me procure; busque um bar repleto de música porque o amanhecer será suave na meiga brisa do mar. Então, nos encontraremos na esquina daquela rua onde o sol afasta a lua.




segunda-feira, 8 de junho de 2009

OLHAR INFINITO

Sobre nós dois, desce lentamente - suave cortina - uma neblina violácea
interposta verticalmente entre a mesa do bar
e o céu noturno, vazio de sons. Olhamo-nos em igual silêncio
aquele estranho silêncio
do ronco rítmico do mar.

E nossas mãos
se tocam levemente em torno de taças, garrafa de vinho
e uma rolha caída sobre a branca toalha de linho.
Olhamo-nos.

Há uma certa alvura
própria da loucura
em nossa maneira de olhar.
Estamos num bar, mas poderíamos estar num mosteiro no Sri Lanka
meditando sob mantos alaranjados, pernas cruzadas
olhos fechados.

Mas nos olhamos em jogos de espelho
a multiplicar infinitamente o próprio reflexo, pouco importando o sentido
o nexo
da rolha tombada sobre a alvura
porque há uma certa loucura
em nossa maneira de olhar

Nossas mãos
se tocam levemente.



sexta-feira, 15 de maio de 2009

PISANDO LEVE

Levo num cesto
Equilibrado sobre a cabeça
Meus alegres sentimentos
Retratos de muitos ontens

E piso leve
Como quem dança
Sobre as pedras
Das praias
O limo
Nas serras
As folhas em verde manto
No silencioso chão da floresta

Estou sempre
Profundamente leve
Flutuando
Em doce encanto

Também carrego
Sobre o peito
Um colar de conchas
Coloridas
Achadas numa esquina
São tão lindas...

Conheço os esconderijos
Onde dormem e acordam
O sol
A lua

Os altos recantos
Das estrelas
Casas dos deuses
Moradas dos blues

O canto
Do pássaro
E seu milagroso
Ninho

Sob meu manto
Tecido em poeira
Piso leve
Como quem dança
Over the rainbow















oberto pelo meu manto
Tecido em poeira





quarta-feira, 13 de maio de 2009

APARENTEMENTE, AU REVOIR

Caminhamos nós dois
A première vue il semble
Na cadência do mesmo andar

Somos ambos uma só festa
E mergulhamos felizes
Nas ondas
So blues
Do mar de sempre

A première vue il semble
Nossos lábios formam
O mesmo beijo
Docemente

Sonhamos
E acordamos em igual momento
Entre ternos olhares
Meigos sentimentos

A première vue il semble
Somos uma só sede
Na taça que nos sacia

A première vue il semble
Sorrimos deslumbrados
Ante o clarão
Da solitária estrela
Cadente

Até que um dia
Num susto
Em desalento

Um de nós dirá
Ce n'est pas possible
...au revoir

E tudo passará
Rápido e reluzente
No rastro
Da estrela cadente
















domingo, 10 de maio de 2009

SAX CIGANO

E vinha desde longe
Descendo a ladeira noturna
Em doce gemido entre folhas
O som de um sax dourado

Apenas isso - quase um lamento
Prevendo o adeus naquela noite

Um adeus que se viesse em água
Seria um grande dilúvio
Numa única lágrima

As mãos iriam se separar
Como as dos que se afogam
Em gesto de nunca mais

É assim
Em contrafeito sorriso
Que as pessoas se vão

E guardam o choro incontido
E a dor das mãos apartadas
Para quando estão inteiramente sós
Na amplidão da cama incompleta

E feito lâmina fria e reta
Desceu a ladeira o som de sax
Em dourada serenata cigana

Para depois silenciar
Na insondável escuridão
Como tudo que chega ao fim























sábado, 9 de maio de 2009

HAIKAI BLUES - Opus 4

NA TORRE DA CATEDRAL
REPOUSAM MIL SONS
DE SINOS EM BLUES

ENTÃO PEDI PERDÃO
MAS BEM BAIXINHO
DISSE UM PALAVRÃO

DE MEU UMBIGO
BROTOU
UM PÉ DE TRIGO

NO MEU TELHADO
MORAM DUAS POMBAS BRANCAS
E AS ASSOMBRAÇÕES DE MEUS SONHOS

O NÁUFRAGO RICO NÃO SE LAMENTA
DESEJA APENAS A MÃO AMIGA
DE UM BÓIA-FRIA

PELO RETÂNGULO DA JANELA
CONTEMPLO O OVAL
DA ALVA LUA

NA PONTA DA BAIONETA
UMA ANDORINHA
CONSTRUIU SEU NINHO

O VENTO LÁ FORA
ASSOBIA
CANÇÕES EM BLUES

BASIN STREET BLUES
COM ELLA FITZGERALD
COMOVE PEDRAS E SERPENTES






sexta-feira, 8 de maio de 2009

HAIKAI BLUES - Opus 3

NO LÁBIO DA ONDA
O SURFISTA PISCA
PARA A NAMORADA

OLHAVA-ME SEMPRE
PELOS OLHOS DEMENTES
DO INFINITO AMOR

QUERO OUVIR SOLO DE SAX
NO MOMENTO SEX
DEFRONTE AO MAR DUPLEX

IF YOU GO AWAY
DEIXE UM FIO DE CABELO
ADORMECIDO NO TRAVESSEIRO

EDITH PIAF
VOUS ALLEZ BIEN
NOS RELÂMPAGOS DO AMOR

SÃO TUAS ESSAS MARCAS
EM MIM
ASSIM, ASSIM

TOQUEI SEM QUERER
TUA PELE
E POR LÁ FIQUEI

EM PLENA NOITE
BRILHAM EM SOL OS BLUES
DE TUA VOZ

TOCAREI NUMA FLAUTA DE PRATA
TODAS AS MÚSICAS JUNTAS - EM BLUES
PARA DIZER I LOVE YOU

COMO DORMIR
SE LÁ FORA
FAZ FRIO E UMA CRIANÇA CHORA

VOU DESPIR-ME DA PELE
VOAR AO LUAR SO BLUE
YES INDEED

SOU APENAS O ESPINHO
ENTRE A FLOR E A FOLHA
NO ORVALHO DO JARDIM

segunda-feira, 4 de maio de 2009

HAIKAI BLUES - Opus 2

JURO QUE VI
FRIDA KAHLO PASSAR VOANDO PELO CÉU
ENVOLTA NUMA NUVEM BRANCA

NA PRIMEIRA AURORA
O CICLISTA FOGE DA PRISÃO
E PEDALA AO SOL

ATRAVESSEI A RUA
MAS MINHA SOMBRA
FICOU DO OUTRO LADO

SEUS LONGOS CABELOS NEGROS
DESCEM ENCACHOEIRADOS
E ENCOBREM OS SEIOS DUAS ROSAS

SERÁ JUNG
O PROPRIETÁRIO
DE MINHA ALMA?

REZA O MONGE NA PENUMBRA
SILENCIOSA DE SUA CELA
NO PRIMEIRO DIA DE OUTONO

NA MESA DE BAR CHORAMOS A VIDA
E RIMOS JUNTOS
DAS CILADAS DA MORTE

É OUVINDO BLUES
QUE FICAREI BEM VELHO
PARA VER O SORRISO DO QUE PASSOU

ONDE ESTÃO MEUS FILHOS?
ONDE ESTÃO MEUS PAIS?
ONDE DEIXEI MEUS ÓCULOS?

E AGORA? EXCLAMA O MORCEGO
APRISIONADO NUMA ESFERA
DE CRISTAL FLUTUANTE

DERRAMAREI UM TONEL DE VINHO
TINTO
SOBRE MINHAS FERIDAS ABERTAS

MEUS PÉS CAMINHAM PARA O MAR
ENQUANTO MEU CORAÇÃO
PERCORRE ESTRELAS

ÀS VEZES AS ÁRVORES SÃO AZUIS
O CÉU INTEIRAMENTE VERDE
E AS ÁGUAS VIOLETAS

QUANDO AMANHECE
PERGUNTO-ME
SE REALMENTE ACORDEI












HAIKAI BLUES - Opus 2

AO SE VER NO ESPELHO
UMA ARANHA RECUA
PARA DENTRO DE SI

MEUS PÉS CAMINHAM
NA DIREÇÃO DO MAR
E MEU CORAÇÃO RUMO ÀS ESTRELAS

REZA O MONGE NO SILÊNCIO
NA PENUMBRA DE SUA CELA
NO INÍCIO DO OUTONO

ONDE ESTÃO MEUS FILHOS?
ONDE ESTÃO MEUS PAIS?
ONDE ESTÁ MEU CAMINHO?

JURO QUE VI FRIDA KAHALO
PASSAR VOANDO PELO CÉU
ENVOLTA NUMA NUVEM BRANCA

É OUVINDO BLUES
QUE ESPERO FICAR BEM VELHO
PARA CONTEMPLAR O SORRISO DA VIDA

VOU DERRAMAR UM TONEL DE VINHO
TINTO
SOBRE MINHAS FERIDAS

E AGORA? EXCLAMA O MORCEGO
APRISIONADO
NUMA ESFERA DE CRISTAL

ATRAVESSEI A RUA
MAS MINHA SOMBRA
FICOU DO OUTRO LADO

QUANDO AMANHECE
ME PERGUNTO
SE REALMENTE ACORDEI

ÀS VEZES
AS ÁRVORES SÃO AZUIS
E O CÉU TOTALMENTE VERDE

NUMA MESA DE BAR
CONVERSAMOS SOBRE A VIDA
E ACHAMOS GRAÇA DA MORTE

SEUS CABELOS SÃO LONGOS
SÃO NEGROS
E OCULTAM OS SEIOS DUAS ROSAS

SERÁ JUNG
O PROPRIETÁRIO
DE MINHA ALMA?

O CONDENADO SOBE AO PATÍBULO
E PEDE DESCULPAS
AO CARRASCO

AO SURGIR A PRIMEIRA AURORA
O CICLISTA ESCAPA DA CADEIA
E PEDALA AO SOL








quinta-feira, 2 de abril de 2009

HAIKAI BLUES - Opus 1

SOBRE MINHA CABEÇA
VOAM PÁSSAROS
E MEUS SONHOS

NEM SAUDADE
NEM LÁGRIMA
APENAS A ALIANÇA ESQUECIDA

DO TOPO DE SEU CHAPÉU
UM RAMO DE LUAR
ESCORRIA-LHE PELA FACE

SEIOS PEQUENOS
OLHAR DE PÁSSARO
E LUVAS PRETAS

JAMAIS VOLTAREI AO PASSADO
JAMAIS RETORNAREI DO FUTURO
NUNCA MAIS

AO LADO DA CASA AMARELA
HÁ UMA ROSA BRANCA QUE DANÇA
EM NOITES DE LUA CHEIA

MEUS PECADOS HABITAM UM CASTELO
MEDIEVAL EM BARCELONA
ENVOLTO EM NÉVOA E SILÊNCIO

QUERO UMA TAÇA DE CRISTAL
REPLETA DE VINHO TINTO
E MOZART AO PIANO - QUANDO ANOITECER

A MÃO ESTENDIDA TREMIA
PEDINDO UMA ESMOLA
NINGUÉM A VIA

O BEIJO SE FOI
MAS DEIXOU LÁBIOS
DESENHADOS COM BATOM















sábado, 28 de março de 2009