domingo, 10 de maio de 2009

SAX CIGANO

E vinha desde longe
Descendo a ladeira noturna
Em doce gemido entre folhas
O som de um sax dourado

Apenas isso - quase um lamento
Prevendo o adeus naquela noite

Um adeus que se viesse em água
Seria um grande dilúvio
Numa única lágrima

As mãos iriam se separar
Como as dos que se afogam
Em gesto de nunca mais

É assim
Em contrafeito sorriso
Que as pessoas se vão

E guardam o choro incontido
E a dor das mãos apartadas
Para quando estão inteiramente sós
Na amplidão da cama incompleta

E feito lâmina fria e reta
Desceu a ladeira o som de sax
Em dourada serenata cigana

Para depois silenciar
Na insondável escuridão
Como tudo que chega ao fim























Nenhum comentário: