segunda-feira, 8 de junho de 2009

OLHAR INFINITO

Sobre nós dois, desce lentamente - suave cortina - uma neblina violácea
interposta verticalmente entre a mesa do bar
e o céu noturno, vazio de sons. Olhamo-nos em igual silêncio
aquele estranho silêncio
do ronco rítmico do mar.

E nossas mãos
se tocam levemente em torno de taças, garrafa de vinho
e uma rolha caída sobre a branca toalha de linho.
Olhamo-nos.

Há uma certa alvura
própria da loucura
em nossa maneira de olhar.
Estamos num bar, mas poderíamos estar num mosteiro no Sri Lanka
meditando sob mantos alaranjados, pernas cruzadas
olhos fechados.

Mas nos olhamos em jogos de espelho
a multiplicar infinitamente o próprio reflexo, pouco importando o sentido
o nexo
da rolha tombada sobre a alvura
porque há uma certa loucura
em nossa maneira de olhar

Nossas mãos
se tocam levemente.



Um comentário:

Sandra Timm disse...

Perfeito para o clima "namoradesco" em que todos estamos, quer queiramos ou nao.

Parabens!